Virgem em banho Maria

 

 

Abre-se em cinzas

O caminho que há-de ser vulcão.

Ardo. Como papel pardo

Faço-me felino sem garras

Amarrado à silhueta do Vaticano

Ardente e de mim ausente,

Trinco e agarro o cigarro que me fuma:

Fumo branco em lume brando

Aranha que não arranha

Em Banho Maria. Virgem

Viúva negra a cavar escravos altares

De espanto e solidão

Nos desertos caminhos

Que nem o Nilo nem o Tejo

Desbravam na Lisboa ferida

Que em mim mora.

 

Fernando Cortes Leal

 

Deixe um comentário